quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Consagração da criatura - Elisa Lucinda

Filho..., igualzinho à minha poesia
você nunca foi meu órgão
A arte é constante e me habita à hora que ela quer
e à hora que eu deixo
Mas não me existe combinada, não há contratos nem despejos
você tem intimidade com meus interiores
com meus departamentos
Você é um argumento contra mim e a meu favor
Me trai porque conhece meu avesso
Me enobrece porque me tornou poderosa
Capaz de prosseguir com essa invenção chamada humanidade
Você é a barbaridade de ter feito a minha barriga crescer
Meu corpo zunir, abrir, escancarar pra você sair
de onde eu nunca pus sequer os pés, as mãos
da casa em que vivo e habito sem nunca ter entrado
porque moro fora de mim.
O que faz de seu édipo eficiência
e de seu abuso, cultura
é essa estrutura feita de mim
sem que eu tenha em ti o mesmo acesso
Por isso a criatura é mais que o criador
e você que saiu por onde entrou

Como ocorre com o poema
tem seu passaporte carimbado para todos os estados
de minha alma, de meu espírito
Você que é onírico, sábio vassalo
Me tiraniza e perde a fala, o fôlego, o faro
Me organiza e ganha o futuro
e ainda segura o jogo duro de viver independente de minha respiração
Espião de meus bastidores
Olhou minhas entranhas enquanto virava ser humano
quieto dentro de mim como as palavras antes de serem poesia
Mas fui apenas uma pensão, uma besteira
ou um hotel cinco estrelas
ou um amniótico colchão.
Hoje saído dessa embalagem, me olhas como miragem
de parecer tão próprio, tão seu
Me olhas como árvore
ziguezagueia e olha para o que fui: passageira semente.
Me olha como gente que já me viu por dentro
vasculhou meu plasma, minhas gavetas
me deixou pasma, coroou minha buceta
e sabe meu segredo
Me olha elegante e vestido
e se sente despido ao saber que o olho de minha coxia
também te viu virar varão.
Deixar de ser óvulo, indefinição, projeto, embrião
e haverá sempre um leite materno
escorrendo pelo seu terno
como mirra, bênção, distração
como birra, alimento, maldição
maior que mim, melhor que mim.
Está pronto e feito, como o meu melhor poema
Nem branco nem preto.
Nem real nem ilusão.
Um grande amuleto da palavra são.

Para um Amor na Rua - Elisa Lucinda.

Meu amor,
vem pra casa que ouvi dizer
que vai estourar a guerra
Nostradamus previu
Raimunda, nega Raimunda confirmou
Por favor, ponha os pés na terra
Chão firme cama da gente
ouvi dizer que vai estourar a guerra.
Você que é mundano convicto
você que erra
vai argumentar que não há perigo e o escambou
que é apenas o "bicho" internacional.
Vai confundir tudo com show
vai dizer que tem Prince, Rock n'roll
Gun's N'Roses e talvez Gal;
É mau, meu bem
tem também Sadam, Bushes e mesquinharias
Vem pra casa guardar num cofre sua ingenuidade
vem proteger da maldade sua fotografia.
Aqui fiz cuscuz farofa e feijão fraldinho
aqui pintei filosofia, comigo-ninguém-pode
espada de São Jorge, jasmim, arruda, carinho.
Tudo anti-míssil
tudo bruxaria anti-crueldade bélica
Lá fora alguns meninos
querem experimentar a potência
de seus terríveis brinquedos.
Não tenha medo
vem pra casa sem nem telefonar
aqui tem ar, poesia, fé
e tudo que a alegria da alma encerra.

Vem, meu amor
que ouvi dizer que vai estourar a guerra.


(verão de 1991)

Penetração do pema de sete fases - Elisa Lucinda.

Á Carlos Drumond de Andrade


Ele entrou em mim sem cerimônias
Meu amigo seu poema em mim se estabeleceu
Na primeira fala eu já falava como se fosse meu
O poema só existe quando pode ser do outro
Quando cabe na vida do outro
Sem serventia não há poesia não há poeta não há nada
Há apenas frases e desabafos pessoais
Me ouça, Carlos, choro toda vez que minha boca diz
A letra que eu sei que você escreveu com lágrimas
Te amo porque nunca nos vimos
E me impressiono com o estupendo conhecimento
Que temos um do outro
Carlos, me escuta
Você que dizem ter morrido
Me ressuscitou ontem à tarde
A mim a quem chamam viva
Meu coração volta a ser uma remington disposta
Aprendi outra vez com você
A ouvir o barulho das montanhas
A perceber o silêncio dos carros
Ontem decorei um poema seu
Em cinco minutos
Agora dorme, Carlos.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

É amor - Andressa Rocha

Hoje quando eu te vi...
Eu nem consigo descrever o que eu senti por dentro!
A expressão de todo esse sentimento
Foi um sorriso que minha boca desenhou
Só hoje eu fui me dá conta do quanto eu to perdida
Do quanto to apaixonada
Só de lembrar me dá uma angustia uma vontade de chorar
O amor não devia fazer isso com as pessoas
Tirar-lhe o senso o sentindo
Agora só sinto vontade de te ver
De te ouvir de ficar pertinho...
Eu to vendo tudo com outros olhos
Com mais carinho, com mais atenção
As vezes eu fico pensando que Deus
Criou o carinho e a alegria pensando em você
Ai eu tenho certeza de que deus fez minha vida inteira pra te dá
Pra você cuidar de mim e me fazer feliz!
Não se preocupe meu bem você já faz isso
Com a simples ação de existir.

Eu me apaixonei pela pessoa errada - Andressa Rocha

Eu me apaixonei pela pessoa errada
Aliais paixões são sempre erros
O incrível é que ao invés de chorar, sorrio
Vivo olhando pro céu
Agradecendo a meu anjo da guarda
Por ter trago você pra mim
Por que quando você apareceu
Eu vi tudo mudar
Eu to tentando esquecer
Mais eu já to tão envolvida
Nessa historia de paixão
Que meu coração inventou
Meu coração se abriu pra ver no que ia dar
Mais morre de medo de não dar em nada
Ele quer ouvir você dizer que o ama
Mas não do jeito que diz: de brincadeira
Quer ouvir um EUTEAMO que saia do fundo do seu coração
Eu só quero um pouquinho do seu carinho
Mais não quero ser sua amiga
Quero ser sua amada
Se você deixar, sei que posso te fazer feliz
Você é tudo que eu sempre quis
Então diz que me ama...