sábado, 30 de maio de 2009

Fabúla de Millor Fernandes

O cachorro e o trem
Imaginem que o cachorro grandão, cachorrão policial, estava descansando de um acesso de raiva exatamente junto dos trilhos da estrada de ferro.
O rabo sobre o trilho, assim. Roncando, o cachorro.
Eis que o trem se aproxima. Suspense - o trem que se aproxima é um trem de carga, vem bem lento. Tchoique, tchoique - tchoique, tchoique.
O cachorro vai ou não vai acordar? Ai, acho que não vai não! Lá vem o trem, cachorro, acorda, sai de baixo! Deus.
O cachorro não acorda, e o trem de carga, lento, fique, fique, fique, passa sadicamente em cima do rabo dele, corta-o.
Agora, sim, o cachorro acorda com um uivo de dor e, num salto de ódio, corre contra a máquina, tentando se vingar da mutilação. Resultado: o trem lhe passa em cima da cabeça e mata-o definitivamente.

MORAL Jamais perca a cabeça por causa de um rabo

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Resumo crítico: Dias de sombra, dias de luz-Jurandi Freire

Dias de sombra dias de luz, vem nos trazendo perguntas que não sabemos responder, indagações do tipo: por que um adolescente não conhece amor de pai e mãe?
“Será que somos uma aberração coletiva apelidada de nação?”.
O texto me lembra a cegueira em estamos metidos, casos como do menino João Hélio, barbaridades como não devem ser esquecidas, porém fico a pensar quantos Joãos não temos por todo esse nosso Brasil.
Todos os dias vemos nos jornais, nos noticiários, mortes, estrupos, violência, ai me pergunto onde é que vamos parar. Se somos um povo tão prospero, tão biodiversamente rico, e se nessa terra tudo que se planta dá quê que há meu pais, quê que há.
Me pergunto também de quem é a culpa?
Provavelmente desses assassinos, que sempre julgamos com nossa calejada justiça, porém será que são mesmo culpados por muitas vezes não terem outra saída. Não quero aqui defender a crueldade de ninguém, nem dizer que todos são bonzinho, porém se pararmos para pensar quantas pessoas, essas vítimas desse nosso sistema.
Quantas pessoas tem que roubar pra sua sobrevivência, concordo isso não acontece em todos os casos, porém essa nossa justiça, julga e puni bem menos os chamados bandidos de colarinho branco, nosso políticos.
Fico pensando quantas pessoas apenas um desses políticos não mata, quando rouba a verbas destinadas a crianças carentes, por exemplo, e quantos não induz a marginalidade por não ter o que comer, por não ter educação de qualidade. Ai se pensarmos em um ladrão que rouba 10,00 reais, e em outro de rouba um milhão, que é mais ladrão – se é que podemos dizer assim.
Pergunta que todos fazemos: onde esta a justiça desse país ?
Porém como sanar a injustiça brasileira se vemos nossos lideres políticos criando coisas do tipo hábeas corpus preventivo, penso que esse tipo de coisa só pode interessar a culpados, CULPADOS. É o descaso desses maus brasileiros que vem levando nosso país a esses estado de calamidade.
É isso mesmo que queremos, é isso que vamos deixar para as próximas gerações? Plagiando Elisa Lucinda – Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dá para mudar o final!

Andressa Rayana Rocha 1 b

Resumo de citação: Dias de sombra, dias de luz-Jurandi Freire

"Começo pelas sombras. O Brasil vive uma escalada da violência urbana desorientadora. Quando a lista de atrocidades parecia esgotar-se, aparece mais uma figura do medonho, do horror dos horrores, a morte do menino João Hélio."

" Conclusão: é nosso dever ético condenar e procurar mudar, por todos os meios possíveis, regimes socioeconômicos que favoreçam a formação moral de pessoas sem consciência do que seja crueldade. Caso contrário, estaremos permanentemente expostos a um terrível impasse ético."

"Como fazer deste país um país tolerante, se os líderes intelectuais, empresariais, políticos etc, comportam-se como fanáticos encastelados em seitas ideológicas."

"Eis uma das chaves da saída: um só mundo, um só povo. Com essa simples consciência, esses brasileirinhos decentes e encantadores mostram que possuem o senso de pertencimento a uma mesma comunidade de tradições."

"No mundo deles - se permitirmos - mortes de inocentes como João Hélio serão lembradas, apenas, como dias de sombras que antecedem os dias de luz."

" Sonho de bobo alegre, dirão os cínicos. Talvez. Mas - plagiando a rústica Macabéia de Clarice Lispector -, sem esse sonho, viver serve pra quê?"

terça-feira, 12 de maio de 2009

SONETO 172 ANTOLÓGICO

Glauco Matoso

As frases memoráveis da República
deviam ter, na pedra ou voz gravada, registro,
qual legenda avacalhadanum filme de comédia ou cena lúbrica.
"Prometo que agirei na vida públicada mesma forma que ajo na privada!";
ou: "Fi-lo porque qui-lo!", tão surrada;
ou: "Não me deixem só!", suprema súplica.
Também vou proferir, eu que não minto,
a pérola imortal de quem adoramandatos,
completado o quarto ou quinto:
"Da vida partidária saio agora.
Já fiz o que devia, e alívio sinto.
Caguei, limpei a bunda, e vou-me embora!"

DESCREVO QUE ERA REALMENTE NAQUELE TEMPO A CIDADE DA BAHIA

Gregório de Matos

A cada canto um grande conselheiro,
que nos quer governar cabana, e vinha,
não sabem governar sua cozinha,
e podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um freqüentado olheiro,
que a vida do vizinho, e da vizinha
pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
para a levar à Praça, e ao Terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
trazidos pelos pés os homens nobres,
posta nas palmas toda a picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
todos, os que não furtam, muito pobres,
e eis aqui a cidade da Bahia.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O gigolô das palavras- comentario...

Brilhante texto de Verrissimo.
Nesse texto o autor deixa clarissimo sua ideia sobre a gramatica, e usa o exemplo de seu proprio texto para mostrar o quão é desnecessario o uso de todas as regras da gramatica.
Pois afinal, de que valeria conheçer essas ditas regras, e não ter o que escrever, penso que mais importante é o conteudo de texto e não se ele esta gramaticalmente certo, tem mesmo é que expresar suas ideias, mandar seu recado, dizer a que veio.
Afinal para que que serve mesmo a gramatica?
Bom eu não sei responder a essa pergunta, pelo menos em minha vida nunca interferio muito,na verdade acho que não teho intimidade com gramatica, nunca aprendi o que é um adverbio anominal ou uma conjuçao e outros. Nem por isso me sinto incapaz de escrever um bom texto, pois aprendi que escrever bem necessariamente não é escrever certo, vai muito alem disso, vem de conheçimento adiquirido não só na escola, mais em nosso dia-a-dia.
Não aqui também descriminar totalmente a gramatica, entendo que necessario ter o conheçimento básico, apenas penso que não é o escencial.

sábado, 2 de maio de 2009

Incelença pro amor retirante
(Elomar)
Vem amiga visitarA terra, o lugar
Que você abandonou
Inda ouço murmurar
Nunca vou te deixar
Por Deus nosso Senhor
Pena cumpanheira agora
Que você foi embora
A vida fulorô
Ouço em toda noite escura
Como eu a sua procura
Um grilo a cantar
Lá no fundo do terreiro
Um grilo violeiro
Inhambado a procurar
Mas já pela madrugada
Ouço o canto da amada
Do grilo cantador
Geme os rebanhos na aurora
Mugindo cadê a senhora
Que nunca mais voltou
Ao senhô peço clemência
Num canto de incelença
Pro amor que retirou.
Faz um ano in janeiro
Que aqui pousou um tropeiro
O cujo prometeu
De na derradeira lua
Trazer notícia sua
Se vive ou se morreu
Derna aquela madrugada
Tenho os olhos na istrada
E a tropa não voltou
Sozinho
Caetano Veloso
Composição: Peninha
Às vezes, no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado, juntando
O antes, o agora e o depois
Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho!
Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho meus desejos e planos secretos
Só abro pra você mais ninguém
Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela, de repente, me ganha?
Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?
Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?
Queixa Caetano Veloso
Composição: N.Siqueira / E. Neves

Um amor assim delicado
Você pega e despreza
Não devia ter despertado
Ajoelha e não reza
Dessa coisa que mete medo
Pela sua grandeza
Não sou o único culpado
Disso eu tenho a certeza
Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa
Um amor assim violento
Quando torna-se mágoa
É o avesso de um sentimento
Oceano sem água
Ondas, desejos de vingança
Nessa desnatureza
Batem forte sem esperança
Contra a tua dureza
Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa
Um amor assim delicado
Nenhum homem daria
Talvez tenha sido pecado
Apostar na alegria
Você pensa que eu tenho tudo
E vazio me deixa
Mas Deus não quer que eu fique mudo
E eu te grito esta queixa
Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Amiga, me diga...
O TrovadorAltemar Dutra
Composição: (Jair Amorin / Evaldo Gouveia)
Sonhei que eu era um dia um trovador
Dos velhos tempos que não voltam mais
Cantava assim a toda hora
As mais lindas modinhas
De meu rio de outrora
Sinhá mocinha de olhar fugaz
Se encantava com meus versos de rapaz
Qual seresteiro ou menestrel do amor
A suspirar sob os balcões em flor
Na noite antiga do meu
RioPelas ruas do Rio
Eu passava a cantar novas trovas
Em provas de amor ao luar
E via então de um lampião de gás
Na janela a flor mais bela em tristes ais